Cais de João de João Cabral e outros tantos
Recife tem feitiço.
Suas ruas e vielas transpõem o peito como numa flecha cega, acerta o coração e confunde a mente. A rua da Aurora é uma dessas paixões certeiras. João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira e Capiba repousam suas estátuas lá, ao leito do Rio Capibaribe. Cada um enxerga um Recife único, e o Recife tem mesmo disso. O Capibaribe transborda, sustenta e tira teu chão.
Recife tem magia.
Passado e presente entrelaçam suas teias num fluxo intenso e visceral. Vá a pé. Abra os ouvidos. A dinâmica da cidade ferve como ao som do frevo. A cidade tem som diferente. "Rios, pontes e overdrives." Quatro pontes ligam a rua da Aurora a sua irmã, a rua do Sol. Cada ponte tem sua história, tem sua importância, sustenta sua existência. Cada uma compõe um panorama diferente para o Recife. Veias abertas do Recife.
Recife tem mandinga.
Amor e ódio numa linha tênue, como carnaval e procissão. Há quem ame, há quem odeie. Mas Bandeira diz que Recife se ama devagar e que tudo aqui é "impregnado de eternidade". O encanto da arquitetura pulsa no olhar pelas cores dos casarios antigos. Para Capiba, os velhos sobrados fazem gosto de ver. João Cabral diz que eles ensinam lição madura, "um certo equilíbrio leve, na escrita, da arquitetura".
Recife tem manha.
Seus 5 sentidos aguçam numa experiência intransferível. Abra seus olhos e ouvidos, sinta seu cheiro impregnado de lama e raiz. Deixe que a cidade pulse em suas mãos. E sinta seu gosto doce descer pela garganta. Evoque o Recife em você. Deixe-se encantar.
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