Allan Robert P. J.
O corte do Inhame
Curioso o paradigma da integração entre culturas. Fomos convidados a participar, sábado, 25 de Setembro de 2010, da festa nigeriana chamada “O Corte do Inhame”. A festa acontece em todo o mundo onde se encontre uma comunidade ibo, mesmo que pequena. Além de convidado, fui escolhido como o cinegrafista oficial do evento, o que me impediu de tirar umas fotos decentes até o momento do corte do inhame, quando já era noite e a comemoração transformou-se em festa. Nem a pouca iluminação do grande espaço ao ar livre tirou o entusiasmo dos presentes, que deixamos dançando sem parar quando fomos embora, tarde da noite.
O evento se repete em outras culturas, como as festas das colheitas nos diversos países, comemorando a fartura e marcando o início de um novo ciclo, depois da pausa para o descanso. Neste caso o inhame é o centro das atenções, importante que é entre os povos da região entre o Senegal e o Congo, mas também consumido em outros países africanos.
A colónia nigeriana residente em Piacenza é numerosa, composta de fervorosos católicos, que vai, aos poucos, ajudando a modificar a sociedade piacentina através de casamentos mistos. Desse modo as tradições também sofrem alterações. Não mais o imenso tacho tradicional onde cada um se serve com as mãos como quer, como me explicou o presidente da Associação Nigeriana Piacentina, mas pratos individuais e talheres. Não apenas a cerveja, bebida muito apreciada pelos nigerianos, mas também vinho piacentino, que eles aprenderam a apreciar. Só a comida, os trajes de festa e a música eram genuinamente nigerianas, apesar das muitas crianças presentes conversarem entre si em italiano, como qualquer criança nascida e crescida aqui. O inhame estava muito bom. A música, um pouco alta mas contagiante. E a experiência de partilhar uma comemoração tão estranha às minhas tradições e, ao mesmo tempo, tão igual, me fez sentir um pouco nigeriano, italiano e brasileiro. Enfim, cidadão do mundo.
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