Miskita
Sinto-me afortunada
Vêm-me à memória duas pessoas que olharam para trás e choraram o reino que perdiam. Uma delas é Boabdil, que nunca mais voltou a Granada, e a outra Afonso XIII, que regressou ao porto desde onde saiu, mas 30 anos depois da sua morte. O lugar onde me encontro, as águas que me posicionam frente ao porto, é a última imagem de Borbón, que fugiu de tensões quando já era, na minha opinião, demasiado tarde para resolver a catástrofe à qual se encaminhava o seu reino.
Agora sinto-me afortunada por saber que estas águas me irão levar a terra, não às italianas, como ao monarca voluntariamente expatriado, mas como uma simples turista que saiu para dar um passeio numa hora que tinha para gastar.
Afortunada porque posso continuar a perder-me entre as ruas cartaginenses, como uma princesa fugitiva que abandona o seu trono para sentir o mar sob os seus pés. O barco move-se. Afonso XIII derrama uma lágrima. Boabdil fecha os olhos e vê Granada.
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