Leo Araújo
Uma cicatriz de um triste passado
Durante muito tempo o Rio de Janeiro passou por diversas obras e reformas, que transformaram a cara da Cidade Maravilhosa. Na última reformulação da zona portuária da cidade foram descobertos as ruinas de um antigo porto, conhecido com o Porto do Valongo.
O pequeno cais foi a principal porta de entrada de africanos escravizados durante o século XIX, pois o porto principal durante a formação do Império das Américas, não deveria receber a desumana carga frente as nações que visitavam a corte. Desta forma, a criação do cais também escondia uma perversa realidade, já que longe dos olhares a desumanidade poderia ser feita sem constrangimentos.
Como a cicatriz descoberta, o local foi tombado ainda na década de 2010, transformando o local em um museu arqueológico a céu aberto. O antigo cais que seria rebatizado ainda no século XIX (já que em 1846 foi reformado para receber a futura Imperatriz do Brasil) como Cais da Imperatriz, foi também o local de leilões, vendas e castigo de escravos.
Imagem de uma triste lembrança da nossa história, a redescoberta do cais é como uma ferida na alma social que hoje se encontra aberta a para os visitantes, como um memorial a céu aberto.
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